“Terapia sexual é o tratamento mais indicado para o vaginismo por ser uma disfunção sexual de ordem psicoemocional. Dispareunia (dor durante o ato sexual) e aversões fóbicas exigem tratamento psiquiátrico”

Vaginismo é a dificuldade e/ou incapacidade de se realizar uma relação sexual completa, pois a mulher não consegue permitir a penetração devido a contrações involuntárias da musculatura da entrada da vagina.

Essa disfunção sexual afeta a liberdade de resposta sexual (excitação) feminina impedindo severamente, se não totalmente, a prática do coito.

Não há causas orgânicas para essa disfunção. A causa psicológica em geral está associada ao medo, mesmo que muitas pacientes não tenham consciência disso.

Essa disfunção pode ser primária, ou seja, quando a dificuldade sexual acontece desde a primeira tentativa de penetração, e pode ser, além de primária, global, que é quando há a incapacidade de inserir ou permitir inserção de qualquer objeto ou dedo. Isso impede inclusive a realização de exame ginecológico ou uso de tampão absorvente.

A disfunção pode ser situacional em decorrência de alguma fato, como por exemplo traição, alcoolismo do parceiro… *Ou seja, ela tolera exame ginecológico ou tampão, mas não permite intercurso sexual.

Segundo a Dra. Glene Rodrigues, médica ginecologista e terapeuta sexual, os aspectos psicossocioculturais do vaginismo primário podem estar ligados a experiências como:

• educação restritiva ou punitiva onde ocorreram falas ou pressões que geraram repulsa à atividade sexual; ignorância sobre o corpo, com fantasias sobre dor, medo de repressão, de romper o hímen, etc.

• experiências com vivência sexual destruidora onde ocorreram com a paciente ou com alguém próximo: abuso sexual, estupro, cenas de sadismo, tentativa de primeira relação traumática, ou ainda relatos distorcidos (amedrontadores) sobre a vida sexual.

Essa disfunção também pode ser secundária, ou seja, ocorrer após um período de vida sexual ativa.

O quadro vagínico pode ser resultado de processo orgânico causador de dispareunia (dor durante o ato sexual), gerando aversão à relação sexual. É importante ressaltar que quadros de dispareunia e aversões fóbicas não são tratados com terapia sexual mas sim com acompanhamento psiquiátrico.

Existem outros fatores como: exame ginecológico traumático, partos difíceis, pós-doenças sexualmente transmissíveis, pós-cirurgias; traição masculina (rejeição, castigo ou nojo do par).

Perfil

Glene Rodrigues nos lembra que também deverão ser entendidos e tratados na terapia sexual os perfis psicológicos femininos muito freqentes em mulheres vagínicas: mulher autoritária; mulher “Bela Adormecida” – mulher frágil – ; ou ainda “abelha-rainha” – mulher-mãe.

Eles

Os perfis masculinos que se repetem mais freqentemente nessas relações são os de homens tranquilos, tímidos, “muito compreensivos” ou até carentes de assertividade. Muitos podem se tornar parceiros com disfunções complementares, em geral com casos de disfunção erétil ou ejaculação precoce. Embora eles não provoquem vaginismo na mulher, há uma relação de codependência e há casais que convivem com o problema durante anos.

O tratamento dessa disfunção inclui o esclarecimento do processo de vaginismo com informações sobre anatomia, hímem, elasticidade, sentimentos, discussão de temores e falta de motivação para o sexo. São desenvolvidas técnicas comportamentais específicas para eliminar essa relação medo/penetração.

O vaginismo é uma disfunção sexual de fundo psicoemocional, não será só um tratamento medicamentoso com “analgesia” da região da entrada da vagina, que se resolverá o problema. Muitas tentativas com medicações ansíoliticas têm sido realizadas, mas somente a utilização de medicações não leva a solução da dificuldade sexual.

Experiências

Segundo Glene, já existem experiências realizadas com toxina botulínica tipo A injetada nos músculos próximos à vagina com o objetivo de impedir contrações involuntárias.

Terapia sexual

Esperamos que essas mulheres superem e resolvam essa disfunção para desfrutarem de uma vida sexual prazerosa e independente do uso de drogas ou qualquer outro artifício. As técnicas de terapia sexual são eficazes em mais de 90% dos casos.

*Fonte: Rev. Obstet. Gynecol, 2004:104

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